“Eu irei” ou “eu vou ir”: como se faz o futuro do presente do indicativo?

Assim como a maioria das línguas europeias, o português tem duas formas de indicar o tempo futuro do indicativo: uma sintética (que outros idiomas chamam de “futuro distante”) e uma analítica (ou “futuro próximo”). A forma sintética, que é também a mais formal, corresponde ao tempo simples “farei”, “direi”, “amarei”, “correrei”, “dormirei”, etc. Já a forma analítica é composta pelo presente do indicativo do verbo “ir” seguido do infinitivo do verbo principal: “vou fazer”, “vou dizer”, etc.

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A diferença de uso entre essas duas formas verbais diz respeito, em tese, ao grau de certeza da ação a ser praticada: enquanto “Um dia terei bastante dinheiro e então viajarei pelo mundo” expressa uma ação futura relativamente distante no tempo e não totalmente certa, “Vou enviar este documento agora mesmo” ou “Amanhã vou chegar um pouco mais tarde” são ações bem próximas no tempo (“agora mesmo”, “amanhã”) e sobre as quais tenho uma forte certeza. É o mesmo raciocínio que disciplina, por exemplo, a distinção de uso entre os dois futuros do inglês, o futuro com will (Someday I will do this, “Um dia farei isso”) e o futuro com going to (I am going to answer your message soon, “Vou responder à sua mensagem em breve”).

É bem verdade que o português brasileiro falado praticamente abandonou o futuro sintético e o substituiu em praticamente todos os casos pelo analítico (“Um dia vou ter muito dinheiro e aí vou viajar pelo mundo”), mas, no registro culto, ainda se deve fazer a distinção entre um futuro próximo e certo e um futuro distante e provável/possível.

Nos exemplos que você dá, “eu irei” é o futuro sintético, e “eu vou ir” é o analítico. Ocorre que alguns gramáticos hostilizam a construção “eu vou ir” por achá-la redundante, já que há repetição do verbo “ir”, e por isso preferem simplesmente “eu vou”. Todavia, outros tantos gramáticos não veem problema algum na construção “eu vou ir”, já que “vou” é verbo auxiliar (indicativo de tempo futuro) e está no presente, ao passo que “ir” é o verbo principal (indicativo da ação) e está no infinitivo. Ou seja, em cada uma das ocorrências, o verbo “ir” tem uma função diferente, e elas estão bem demarcadas.

O português brasileiro também acabou consagrando uma terceira forma de futuro, usada às vezes no discurso formal como equivalente ao futuro sintético, mas que deve ser evitada tanto quanto possível. Trata-se de “irei fazer”, “irei dizer”, etc., que, no caso do seu exemplo, daria o horrível “eu irei ir”. Essa construção, com o auxiliar “ir” no futuro, é mais prolixa que simplesmente “eu farei, direi”, etc., e nada acrescenta em termos de nuance semântica. Trata-se de um mero preciosismo que algumas pessoas empregam supondo estar-se expressando bem. Ledo engano!

A origem da palavra “feriado”


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Eis que chega mais um feriadão prolongado, e as pessoas já se preparam para viajar e curtir um pouco a vida fora das grandes cidades, em seus refúgios na praia ou no campo. Mas por que existem feriados? Se hoje a principal função dessas datas em que não se trabalha é descansar, de preferência em algum lugar agradável longe de casa, o sentido primeiro do feriado – e consequentemente da palavra – era o de dia santo, em que o trabalho era suspenso para que os fiéis pudessem ir à igreja venerar o santo do dia. “Feriado” deriva de “féria”, que, além de sua acepção mais conhecida de ganho diário dos taxistas e outros trabalhadores diaristas, também significa “dia de semana” (daí as denominações “segunda-feira”, “terça-feira”, etc., em que “feira”, na verdade, quer dizer “féria”, isto é, dia útil) e “dia santificado”, portanto dia de descanso.

Logo, o feriado é, em princípio, um dia consagrado às obrigações religiosas, em que, à maneira do sábado (Shabbat, dia de descanso e orações dos judeus) e do domingo (dominicus, dia do Dominus, “o Senhor”), cessa todo o trabalho e os corações e mentes se voltam ao sagrado.

Sendo o feriado um dia de descanso, as férias nada mais são do que uma sequência de feriados: embora a palavra “férias” seja pluralícia, isto é, só se empregue no plural, não deixa de ser o plural de “féria”, assim como o inglês holidays, “férias”, é plural de holiday, “feriado”.

Mas de onde vem a palavra “féria”, que deu tantos derivados? A resposta está no latim feria, mais comum no plural feriae, “repouso em honra dos deuses”. Essa palavra está etimologicamente ligada a outras como festum, “festa” (em geral em louvor aos deuses)”, festus, “festivo”, fas, “justiça divina”, nefas, “violação da lei divina, pecado”, e nefastus, “nefasto, pecaminoso”. Aliás, a própria palavra “feira” vem do latim feria, já que nas festas populares era comum a montagem de barracas onde se vendiam comes e bebes. Daí, “feira” passou a ser sinônimo de comércio, especialmente ao ar livre, como são as feiras livres no Brasil, mas também em grandes centros de exposições (por exemplo, feira de informática, feirão de automóveis, etc.).

A relação de todas essas palavras com a ideia de divindade se encontra em sua ancestral, a raiz indo-europeia *dhēs‑ (para quem não sabe, o indo-europeu, falado no Cáucaso cerca de 6 mil anos atrás, é a língua-mãe, dentre outros, do latim e do grego, e o asterisco antes da raiz indica que se trata de forma não documentada, mas reconstruída pelos linguistas). Essa raiz, que queria dizer “sagrado”, é também a fonte do grego theós, “deus”, que nos deu as palavras “teologia” e “ateu”, dentre outras.

Portanto, “feira”, “féria”, “férias”, “feriado”, festa”, têm todas uma conotação de sagrado (embora esse fato seja ignorado pela maioria dos falantes). Tanto é assim que boa parte dos feriados são datas comemorativas da Igreja Católica, como o dia de Nossa Senhora Aparecida, comemorado amanhã, embora também haja os feriados cívicos (Independência, República, Tiradentes, fundação das cidades, etc.).

Então, pessoal, partiu comemorar o feriado, mas com prudência nas estradas e moderação na comida e bebida, para que a festa não se transforme num dia nefasto. E até a volta!

Houve e Houveram





Resposta: B (2 frases CORRETAS). 

1. "Houve-se bem na prova": sujeito oculto (ele); sentido: deu-se bem na prova; "se": pronome que integra o verbo (PIV); regência de "haver": transitivo indireto; "bem": adjunto adverbial de modo; "na prova": objeto indireto. 

2. "Houveram-se bem na prova": sujeito INDETERMINADO; mesma análise do item anterior. 
3. "Houve discordâncias entre nós": sujeito inexistente (verbo impessoal - terceira pessoa do singular); regência de "haver": transitivo direto; "discordâncias entre nós": objeto direto. 
Um abraço!




Letra A.
Esse verbo, no sentido de “ocorrer” ou “existir”, é impessoal. Isso significa que permanece na terceira pessoa do singular, pois não tem sujeito. Portanto, é errônea a flexão do verbo no plural. É provável que a origem do erro seja a associação da conjugação do verbo “haver” com os verbos “existir” e “ocorrer”. Estes têm sujeito e, portanto, flexionam-se de acordo com o número e a pessoa.