Falando em bom brasileiro

Eu vi ela. Assim se fala, assim não se escreve. No Estúdio CH desta semana, o linguista Mário Perini explica por que considera a língua falada como o verdadeiro português ‘brasileiro’ e conta sobre a gramática que escreveu, dedicada ao linguajar que está na boca do povo.

Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo
Painel do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, mostra alguns erros comuns do português, como ‘eu vi ela’, ‘isso é para mim fazer’ e ‘ela ficou meia cansada’ (foto: Raquel Camargo – CC BY-NC 2.0).
Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mário Alberto Perini acaba de lançar a Gramática do português brasileiro (Parábola Editorial). O livro é dedicado a um tema que fica à margem das gramáticas da língua portuguesa, tão atentas às regras da escrita: a língua falada. 
"A língua do brasileiro não é a língua que encontramos nos livros. É a língua falada pela totalidade da população"
Em entrevista ao repórter Fred Furtado, Perini explica suas motivações para escrever o livro: se o português é usado por 190 milhões de brasileiros e é a oitava língua mais falada no mundo, por que ainda não havia uma gramática para este português falado, que ele chama de brasileiro? 
“A língua do brasileiro não é a língua que encontramos nos livros. É a língua falada pela totalidade da população, desde o trabalhador analfabeto na zona rural até o professor universitário ou o político. Na hora de conversar com os amigos, todos falamos basicamente a mesma língua”, diz ele.
Livro: 'Gramática do português brasileiro'Além de enumerar diferenças entre a língua oral e escrita, ele discute a noção do português ‘certo’ ou ‘errado’ – algo que, para ele, depende inteiramente do contexto: “A língua que eu uso para falar com amigos numa mesa de bar não pode ser a mesma que eu uso para escrever uma tese”, argumenta.
Perini fala ainda sobre a indústria do ‘português correto’, que vive de ditar o português correto, e das incoerências que propicia. Para ele, o pouco prestígio associado à gramática tem relação com a distância entre as suas regras e o uso corrente da língua. 

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